Pode dizer-se que as emoções abrangem um conjunto de processos neuronais específicos que quando acionados por um estímulo possibilitam à pessoa sentir uma reação fisiológica. Neste sentido, perante uma mesma situação, as pessoas podem ter respostas emocionais diferentes e, consequentemente, comportamentos também eles diferentes.
Sabendo que as emoções afetam profundamente a nossa vivência em diferentes dimensões (p.ex., pessoal, familiar, social, etc.) torna-se crucial saber reconhecê-las e regulá-las, isto é, saber identificar e diferenciar as emoções, perceber a sua função e ponderar sobre elas.
Considerando que a regulação das respostas emocionais é uma competência que não é adquirida logo à nascença e que necessita de ser aprendida pela criança ao longo do seu desenvolvimento, é de extrema importância que os pais/cuidadores colaborem na sua promoção.
Deste modo, fique a saber como pode ajudar os seus filhos no processo de autorregulação emocional:
-
Proporcione um ambiente estável e consistente em casa. Com isto, refiro-me ao estabelecimento de limites, regras claras e rotinas previsíveis, contribuindo para um sentimento de estabilidade e segurança na criança. Por sua vez, permite à mesma desenvolver os recursos emocionais necessários para lidar com as imprevisibilidades do mundo exterior.
-
Ajude-os a identificar as emoções neles próprios. Todas as crianças passam por momentos de desregulação emocional (gritar, bater, atirar objetos, atirar-se para o chão, etc.), sendo muito importante conseguir manter a calma e demonstrar que compreende aquilo que elas estão a sentir naquele momento (por muito difícil que seja), ajudando-as a identificar as suas emoções e a regulá-las. Por exemplo, dizer: “Percebo que estás zangado/a, porque não te posso comprar um brinquedo novo, mas e se me ajudasses a colocar os artigos no carrinho de compras?”, sugerindo uma ou outra alternativa.
-
Incentive-os a falarem sobre as suas emoções, sem usar o julgamento/crítica. Transmita-lhes a ideia de que todas as emoções são normais e naturais e que não há nada de errado com nenhuma delas. Por este motivo, evite as seguintes expressões que, de alguma forma, desvalorizam o que a criança está a sentir: “não estejas triste” ou “não devias estar zangado por causa disso”. Em vez disso, nomeie as emoções da criança com precisão e encoraje-a a falar do que sente, por exemplo: “Bem vejo que estás triste, podes dizer-me o que aconteceu?”.
-
Seja um modelo. Transmita as suas próprias emoções e como faz a regulação das mesmas. Ao usar uma linguagem com base nos seus sentimentos, está a permitir aos seus filhos que sejam capazes de identificar melhor as suas próprias emoções e a conversar sobre elas. Além disso, ao invés de guardar as emoções para si, mostre à criança aquilo que sentiu perante determinada situação e o que fez para se sentir melhor. Deste modo, a criança percebe que não tem problema sentir uma emoção mais desagradável (p.ex., raiva), desde que a consiga gerir adequadamente. Assim, aprende que é possível escolher ficar calma e fazer algo que a faça sentir melhor.
-
Reconheça que também comete erros. É claro que, como humanos, ficamos irritados, cometemos erros e, de vez em quando, perdemos a paciência com as crianças. No entanto, reconhecer isso e pedir desculpa quando isto acontece não diminui a autoridade dos pais/cuidadores. Pelo contrário, ajuda as crianças a compreenderem que todos cometemos erros e que podem aprender com a experiência.
-
Ensine o diálogo interno positivo. Quando as crianças vivem uma emoção mais desagradável, como a raiva, a frustração, o medo ou o desânimo, muitas vezes existem pensamentos subjacentes que acompanham a emoção, tais como: “Sou um falhado” e “Não consigo fazer nada bem feito”. Deste modo, ajude as suas crianças a terem pensamentos positivos que permitam ajudá-las a regular as suas emoções, como por exemplo: “Respira fundo”, “Eu consigo acalmar-me” e “Eu sou capaz de lidar com isto”.
-
Reconheça os seus esforços na gestão das suas emoções. Reconheça os comportamentos das crianças nas situações em que estas revelaram uma expressão emocional adequada e um maior controlo dos seus comportamentos menos adaptativos. Por exemplo, pode dizer: “Muito bem! Conseguiste acalmar-te e fizeste uma boa escolha”. Ainda, pode ensinar as crianças a incluírem o reconhecimento a si próprias no seu diálogo interno.
-
Ensine estratégias de relaxamento. É fundamental que a criança saiba que pode recorrer a estratégias apaziguadoras da sua raiva, ansiedade ou outro estado emocional, para que possa desenvolver o seu autocontrolo. Na literatura existem diversos exercícios que podem ser utilizados para esse efeito, dos quais realço o Relaxamento Muscular Progressivo e o Relaxamento Imagético.