Amor à Mesa: Nutrição Consciente
Fevereiro, o amor anda no ar ou, pelo menos, somos convidados a pensar mais nele e na nossa cara metade.
E é tão bom quando podemos partilhar refeições com quem gostamos, não é?
E quando partilhamos a mesa com aqueles que não respeitam a nossa forma de comer?
Todos nós de certeza já vivemos uma e outra situações. É bem mais fácil ouvir o nosso corpo e estar em paz connosco quando estamos a comer com quem nos respeita, sendo a refeição um momento prazeroso e de partilha.
É muito mais difícil conseguir comer de acordo com as nossas necessidades se o fazemos ao lado de pessoas que muitas vezes fazem comentários negativos ao nosso corpo ou forma de comer. Mesmo que com “boas intenções”.
«Vais comer isso tudo?»
«Não achas que já chega?»
«Depois diz que estás mais gordo(a)».
Temos de definir limites. Precisamos de saber que cada um de nós é o expert do seu próprio corpo, e só nós sabemos o que precisamos de comer. Mesmo que estejamos numa fase em que não sabemos bem, só nós poderemos encontrar essa resposta.
O nosso corpo varia ao longo da vida. As nossas preferências variam ao longo da vida – alimentares e não só. A pessoa por quem nos apaixonamos acompanha esta mudança – e tem legitimidade para gostar da variação ou não – mas não para nos desrespeitar.
Há pessoas, maioritariamente mulheres, que inicialmente me procuram com o intuito de emagrecer, porque o parceiro/amigos dizem que precisam de emagrecer. Mas quando exploro e tento perceber o que as incomoda, adivinhem – não é o peso. É sim, muitas vezes, a diminuição da mobilidade, o facto de terem menos tempo para si próprias, menos resistência física, entre outras.
Há mulheres que se sentem menos (enquanto pessoas) porque engordaram com a pandemia e ainda não conseguiram perder esse peso. Há homens que querem aumentar a massa muscular e diminuir a massa gorda para serem mais desejados. E ingressam no ginásio para ficarem «maiores». Não nos enganemos – o que a sociedade nos passa é que se emagrecermos tudo na nossa vida melhora.
É quase como se emagrecer fosse a chave para o sucesso.
Só que não é – e muitas vezes chegam-me também à consultas pessoas destruídas pelas muitas dietas que fizeram, e que mesmo emagrecendo continuaram infelizes. Continuaram sem atingir o sucesso tão prometido.
Ser mais magro(a) não nos faz ganhar mais vida.
Qualquer que seja o nosso género, o nosso corpo, a nossa raça, a nossa condição económica, as nossas preferências alimentares – merecemos respeito. Todos merecemos respeito.
E neste dia do amor, convido-te a respeitares-te, e ao outro, um pouco mais. Mais amor, mais tolerância, mais aceitação.
Mais comer com prazer e sem culpa,
Que a vida é muito curta para sensações tão negativas.
Amem-se muito, e comam o que vos fizer sentido, sem desrespeitar o outro.