Intervenção no Comportamento Desafiante de Oposição: família

 

“Apesar do ambiente familiar e escolar desempenharem um papel importante na causa do Comportamento Desafiante de Oposição (CDO), todos nós conhecemos crianças que provêm de famílias estruturadas e acolhedoras, e de escolas conceituadas que, no entanto, apresentam sérias dificuldades emocionais e comportamentais. Neste sentido, mesmo que haja uma forte componente genética como causa desta perturbação, outros fatores associados ao contexto familiar e escolar influenciaram certamente a natureza do comportamento. Por esse motivo é que a intervenção no CDO só faz sentido quando, para além da criança, envolve a família e a escola, após uma avaliação formal de um profissional especializado (psicólogo, psicoterapeuta ou pedopsiquiatra).”

 

Antes de mais, é esperado que os adultos compreendam o que é o CDO e olhem para este conceito como uma consequência da dificuldade da criança ao nível da regulação emocional, da tolerância à frustração, da resolução de conflitos e da flexibilidade. Não estando, portanto, relacionado com uma vontade da criança em destabilizar propositadamente os pais/cuidadores, tal como por vezes é pensado. Ter conhecimento desta concetualização ajuda os adultos a responder ao comportamento desafiante de uma forma mais empática e menos reativa, assim como conhecer a importância de uma intervenção especializada que vise amenizar e/ou corrigir estas dificuldades.

Por outro lado, sabe-se que o principal fator que influencia a frequência e a intensidade dos comportamentos de oposição é a forma como os pais/cuidadores respondem ao comportamento desajustado da criança. De facto, a grande maioria destes episódios de comportamento de oposição acontecem quando os adultos insistem em impor a sua vontade perante as necessidades da criança.

Neste sentido, com a ajuda de um profissional especializado, os pais/cuidadores aprendem que o seu foco deve estar nos eventos que antecedem e provocam os episódios de oposição e não no que advém daí. Isto é, aprendem a adotar uma postura de prevenção de “crises”, e não de gestão de “crises”, possibilitando a identificação dos fatores situacionais subjacentes aos comportamentos desafiantes. Posteriormente, percebem também que, na maioria, estes comportamentos são, na verdade, bastante previsíveis.

Além disso, é comum que o comportamento desadaptativo da criança esteja a ser mantido por padrões de interação familiar, mesmo que os pais/cuidadores não tenham consciência disso. Deste modo, a intervenção passa também pela identificação dessas situações e aprendizagem de novas formas de interagir e comunicar.

Um exemplo disso é quando os pais/cuidadores prestam mais atenção aos comportamentos negativos da criança e desvalorizam os positivos, conduzindo a elevados níveis de frustração e agitação em relação à desobediência. Consequentemente, estes vêem-se envolvidos em ciclos de punição e de consentimento inadequado, prejudicando a relação e até originando novas formas, mais severas, de comportamento disruptivo.

De forma a combater este clima crítico e hostil na família e de estimular a colaboração por parte da criança, os cuidadores podem começar por dar ordens à criança relacionadas com atividades que ela goste e, de seguida, recompensar o comportamento obediente (como por exemplo: “Ajuda-me a preparar o jantar” e “Obrigada pela tua ajuda e por teres obedecido”).

Como seria de esperar, o sucesso da intervenção psicológica ao nível dos problemas de comportamento não depende apenas da qualificação do profissional de saúde, mas também da motivação das famílias para a mudança e dos recursos que têm à sua disposição.

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