Atualmente, há um número crescente de investigações que sugerem que os relacionamentos românticos adultos funcionam de forma semelhante aos relacionamentos entre bebés e cuidadores.
A investigação sobre a vinculação no adulto baseia-se na ideia de que o mesmo padrão de vinculação entre pais e filhos tem bastante influência no vínculo que se desenvolve entre adultos em relações íntimas amorosas. De facto, o tipo de relação emocional gerada entre bebé-cuidador (significativamente responsável no desenvolvimento da criança), continua a influenciar o comportamento, o pensamento e os sentimentos na idade adulta. Isto é, o facto de um adulto ser seguro ou inseguro nas suas relações adultas pode ser um reflexo parcial das suas experiências com os seus cuidadores principais.
Existem duas variáveis fundamentais em relação aos padrões de vinculação nos adultos (ver Figura 1): a variável ansiedade relacionada com o apego emocional e a variável relacionada com a evitação ao apego. Estas duas variáveis vão definir a relação de vinculação – segura ou insegura. No caso de ser insegura, pode então ser ambivalente/ansiosa, evitante ou desorganizada.
A atentar: Os estilos de vinculação variam em grau e não em tipo, isto é, referem-se ao grau em que um indivíduo manifesta um determinado padrão de apego.

As pessoas com níveis elevados na variável ansiedade tendem a preocupar-se se o seu parceiro está disponível, é responsivo, atencioso, etc. As pessoas com pontuação baixa nesta variável têm mais segurança na perceção de responsividade dos seus parceiros.
Ainda, as pessoas com elevada evitação preferem não depender dos outros nem estão disponíveis para se abrirem emocionalmente ao parceiro. Por outro lado, quem apresenta baixa evitação sente facilidade em expor-se à intimidade e está mais confortável em depender das outras pessoas e ter quem dependa dele.
Analisemos, então, os tipos de vinculação e a sua tradução em termos comportamentais nas relações amorosas na idade adulta:
Vinculação segura
- Visão positiva do próprio e dos outros.
- Boa capacidade de identificar e regular emoções.
- Procuram a intimidade/proximidade.
- Confortáveis com a expressão de emoções.
- Sentem-se confortáveis em depender dos seus parceiros e, por sua vez, deixar que os seus parceiros dependam deles.
Vinculação Ambivalente/Ansiosa
- Visão negativa do próprio e positiva do outro.
- Muito medo do abandono e rejeição – considera-se menos digno de amor em comparação com outras pessoas, a ideia de viver sem o parceiro (ou de estar sozinho em geral) causa elevados níveis de ansiedade.
- Muita necessidade de validação e garantias de que é amado – necessitam de muita segurança nos relacionamentos, e a atenção, o cuidado e a capacidade de resposta do parceiro tendem a ser o “remédio” para os seus sentimentos de ansiedade.
- Podem ser muito carentes/apegados e podem tornar-se muito exigentes se não obtiverem garantias constantes por parte do parceiro. Igualmente, podem tornar-se hipervigilantes e ciumentos.
Vinculação Evitante
- Visão positiva do próprio e negativa do outro.
- Evitam a intimidade/proximidade e têm medo da dependência emocional- tendem a erguer muros ou limites pessoais para evitar a intimidade e a proximidade emocional com os outros, o que impede o desenvolvimento de relações profundas e gratificantes.
- Preferem promover um elevado sentido de independência e autossuficiência – sobretudo a nível emocional.
- Distanciam-se emocionalmente aquando de maior intimidade – podem afastar-se de um relacionamento se sentirem que a outra pessoa está a tornar-se dependente deles dessa forma.
- Escondem e suprimem sentimentos aquando de uma situação emocionalmente intensa, como um conflito.
Vinculação Desorganizada
- Oscilam entre os traços de vinculação ansioso e evitativo, dependendo do seu humor e das circunstâncias – tendem a apresentar comportamentos confusos e ambíguos na relação.
- O parceiro e a própria relação são, muitas vezes, a fonte tanto do desejo como do medo – desejam intimidade e proximidade, mas, por outro, têm dificuldade em confiar e depender dos outros.
- Têm frequentemente dificuldade em identificar e regular as suas emoções e tendem a evitar apegos emocionais fortes devido ao seu intenso medo de se magoarem.
De um modo geral, os adultos seguros tendem a estar mais satisfeitos nas suas relações do que os adultos inseguros. As suas relações são caracterizadas por maior longevidade, confiança, compromisso e interdependência.
Embora os estilos de vinculação sejam moldados na infância, não são inflexíveis. As novas experiências relacionais do indivíduo podem ir alterando estas representações e é possível trabalhar no sentido de desenvolver um estilo mais seguro com a ajuda da psicoterapia.




