As relações amorosas na Adolescência

As relações amorosas são centrais no mundo social dos adolescentes, pelo que entre os 15 e os 16 anos, os adolescentes interagem com mais frequência com os parceiros românticos do que com os pais, irmãos ou grupo de pares. Desta forma, os parceiros românticos constituem a principal fonte de apoio dos adolescentes e a causa das suas emoções fortes, quando comparados com as amizades entre pares do mesmo sexo, família e problemas escolares. Podemos, assim, concluir que os parceiros amorosos são figuras fundamentais também do mundo socioemocional do adolescente.

Se por um lado, as experiências amorosas na adolescência reúnem um conjunto de
benefícios para o desenvolvimento saudável de um adolescente, como a intimidade, a identidade e a autonomia; por outro lado, envolvem alguns riscos, como a gravidez precoce e não desejada, as infeções sexualmente transmissíveis (IST), a violência e a vitimização. Também na saúde mental tem consequências, já que o fim do relacionamento constitui um dos fatores mais relevantes para prever depressão, suicídio e violência no adolescente.

Neste sentido, importa refletir acerca de qual poderá ser o papel da família nesta fase tão importante e determinante do desenvolvimento do adolescente, de modo a permitir-lhe um caminho o menos conturbado possível.

Educar para a sexualidade e afetos desde cedo e de forma gradual.

Cada vez mais a comunidade científica assegura que educar para a sexualidade e afetos desde cedo e, obviamente, de forma gradual, ajuda na prevenção da vitimização sexual. Uma coisa muito simples e que faz muita diferença é ensinar à criança, desde pequenina, a nomear os órgãos sexuais com o termo científico correto (p. ex., “vulva”, “vagina”e “pénis”). Mas só isso não é suficiente. Ensinar em que consiste o consentimento e respeitar quando a criança/adolescente é capaz de o colocar em prática, também se revela essencial.

Explicar/refletir sobre relações saudáveis e relações abusivas.

As relações saudáveis têm por base o equilíbrio onde ambos os parceiros são tratados de forma igual e com o mesmo respeito. As relações abusivas têm por base o desequilíbrio/desigualdade, onde um dos parceiros considera que tem o poder de controlar aquilo que acontece na relação. É uma relação não saudável quando envolve comportamentos desrespeitosos, controladores e abusivos.

Elucidar quanto aos comportamentos de risco comuns na adolescência e como pode preveni-los.

Ao contrário do que se possa pensar, não é por se falar de sexo, tabaco, álcool, drogas, entre outros, com o adolescente que isso o vai incentivar a experimentar, pelo contrário. Consciencializar o adolescente para a existência destes comportamentos e para a pressão que o grupo de pares lhe pode depositar, só o ajuda a preparar-se melhor quando estiver perante uma situação semelhante e a evitar possíveis consequências.

Continuar a investir na relação pais-adolescente.

Faz parte do desenvolvimento saudável o adolescente procurar, cada vez mais, manter relações fora do contexto familiar (sejam elas amorosas ou não). No entanto, é fundamental que os cuidadores continuem a reunir esforços para acompanhar a vida do adolescente, pois só assim o conseguirá orientar e aconselhar. Sempre que possível, adotar uma postura com base na empatia e no não julgamento.

Uma das queixas mais frequentes dos adolescentes é a de que ninguém os compreende, nomeadamente os pais, o que dificulta a procura de apoio ou suporte junto dos mesmos. Isto acontece principalmente, porque a forma como os jovens vivem hoje a adolescência e as relações amorosas não é a mesma com que os pais viveram, pelo que pode ser difícil para os pais acompanhar esta nova realidade. Deste modo, podem experimentar falar menos e fazer mais perguntas. As perguntas ajudam na reflexão e orientam a tomada de decisão por parte do adolescente.

Por fim, importa deixar uma última mensagem quanto à importância de não se desvalorizar os sentimentos do adolescente quando estes se tornam recorrentes e procurar ajuda profissional.

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