Cada um de nós, adultos, já passou por esta fase de transição da infância para a vida adulta e todos nós temos histórias diferentes para contar. No entanto, não fica margem para dúvidas de que se trata de uma fase desafiante e exigente que pode ser vivida de forma muito solitária, caso o adolescente sinta que não tem o apoio e suporte de que necessita.
A adolescência é marcada pelas transformações biológicas que caracterizam a puberdade e que podem afetar o humor e o comportamento, mas também pelas transformações cognitivas, emocionais e sociais – como o desenvolvimento do raciocínio lógico-abstrato, as necessidades de individuação e autonomia, e o interesse e necessidade de construção de relações de amizade e intimidade. Neste sentido, é de esperar que o humor negativo ou suas flutuações aumentem durante esta transição, pelo que os adolescentes têm vindo a relatar sentimentos de vergonha, solidão, nervosismo e rejeição com mais frequência. Por este motivo, torna-se difícil para os pais identificar o que é esperado os adolescentes vivenciarem nesta fase e o que não é, dificultando a procura psicológica quando necessária.

Assim, deve procurar um/a psicólogo/a quando nota alterações no comportamento ou humor do seu filho que são intensos – ocorrem com muita frequência – e duradouros – prolongados no tempo – interferindo nas atividades diárias do adolescente. Estes sinais podem ser:
-
Comportamento agitado ou apático; -
Falta de interesse pelas atividades habituais; -
Perda ou ganho de peso/apetite de forma repentina; -
Baixa autoestima; -
Isolar-se e mostrar falta de interesse pela interação com os outros; -
Alterações bruscas no humor ou comportamento que duram mais de duas semanas seguidas; -
Alterações no sono (por exemplo, dormir demasiado ou muito pouco, dificuldades em adormecer e sono agitado); -
Diminuição do rendimento escolar ou atitudes negativas face à escola/ambiente escolar; -
Dificuldades na concentração; -
Sentimentos de tristeza, desânimo e desmotivação; -
Ansiedade e preocupação persistentes; -
Irritar-se com facilidade sem razão aparente; -
Sentir medo sem razão aparente; -
Mostrar-se despreocupado pelas outras pessoas ou pelo o que está a acontecer à sua volta; -
Ter queixas físicas sem explicação médica (por exemplo, dor de barriga, de cabeça, ter enjoos, etc.); -
Apresentar comportamentos de risco (por exemplo, ingestão abusiva de álcool, drogas, automutilação, envolver-se em lutas, usar armas ou ter ideação suicida).(Baseado nas recomendações da Ordem dos Psicólogos Portugueses)
Confie na sua intuição e não ignore estes sinais de alerta. Procurar ajuda quando os problemas ainda são pequenos, estará a prevenir que se tornem maiores e mais difíceis de tratar. Pode contar connosco, psicólogos/as, para o orientar, esclarecer dúvidas e fornecer apoio especializado. Comece já a cuidar da saúde mental do seu adolescente.
Dra. Sara Freitas




