Muitas pessoas procuram-me com o intuito de comer de forma mais saudável.
Dado que vivemos vidas agitadas, com pouco tempo, é muitas vezes difícil percebermos de que forma podemos otimizar a nossa organização para comer de uma forma completa, equilibrada e variada.
Não é raro haver quem comente a facilidade e praticidade de «fast food» e em como gostariam de ter mais tempo para cozinhar mais, e assim comer de forma mais equilibrada. Quem me conhece sabe que não sou de fundamentalismos e por isso defendo que, na ausência de uma condição clínica que impeça o consumo de um dado alimento, se deve comer de tudo. Naturalmente que o comer de tudo inclui mesmo tudo, os mais variados alimentos numa quantidade e frequência de consumo diferente, de acordo com a imagem que podemos encontrar abaixo.

Conseguimos claramente perceber através da Pirâmide da Dieta Mediterrânica que as grandes «fatias» são ocupadas por ações que dizem respeito ao bem estar (descanso, convivência etc) e pela água. Isto constitui o pilar das recomendações deste estilo de vida. Os primeiros alimentos a serem referidos são a fruta, azeite, pão/massas/arroz/couscous e outros cereais. Estes alimentos deverão estar presentes a cada refeição principal. Ao analisarmos a pirâmide no sentido base-topo percebemos que são referidos outros alimentos cuja frequência e quantidade de consumo vai diminuindo.
Este equilíbrio de quantidade VS qualidade no que refere aos vários alimentos é um ponto importantíssimo e que merece a nossa atenção. Não há nada proibido, mas há alimentos cujo consumo deve ser privilegiado e podemos não o estar a fazer, achando que a sua preparação e confeção demora mais tempo (…) – não tem de ser necessariamente assim. Podemos ter ações simples de melhoria dos nossos hábitos alimentares.
A título de exemplo, comecemos pela fruta.
Não é tão rápido comer uma maçã? Ou banana? Ou pera? Quantas peças de fruta são consumidas diariamente e quantas podemos definir como objetivo de consumo? Sejamos realistas. Se não se consome nada podemos começar por 1 peça de fruta; se já se consome 1 podemos aumentar para 2 e assim sucessivamente…
De seguida, pensemos nos nossos amigos hortícolas. Costumo neste ponto sugerir o consumo de sopa, sempre que possível, ao almoço e jantar. A sopa poderá ser feita em casa ou mesmo comprada no supermercado – esqueçamos o «ideal» e foquemo-nos no que é possível ser feito. É interessante se for possível adicionarmos à sopa leguminosas, como feijão, grão, lentilhas (…) Nem que seja na base da sopa, triturados, são alimentos interessantes nutricionalmente e que muitas vezes caem no esquecimento. Temos neles fonte de proteína, de fibra, de ferro e se os colocarmos na sopa «garantimos» que os comemos. Também consumo sugerir colocar hortícolas junto com arroz/massa ou carne/peixe (qualquer que seja o prato confecionado de momento) de forma a facilitar o seu consumo. Podemos, ainda, utilizar legumes congelados, que se mantêm adequados durante um maior período de tempo e estão «prontinhos» para consumo.
Também podemos pensar na água. Quantos copos de água bebemos por dia? Podemos aumentar de forma a otimizar? Definir objetivos realistas.
Quanto ao movimento, mexemo-nos? Podemos aumentar o movimento?
«Serve» qualquer coisa, com o objetivo de fazer o nosso corpo movimentar-se…
E assim por diante. Há vários pontos que podemos melhorar, um de cada vez. Pensemos que se bebermos um copo de água por dia «a mais» do que bebemos agora significa que, no final do ano, bebemos mais 365 copos. Se caminharmos 10 minutos por dia «a mais» são 3650 minutos ao final de um ano – não é melhor do que não fazer nada?
Para conseguirmos «comer melhor» precisamos de ser realistas e de pensar num ponto de cada vez, sem pensarmos que «não vale a pena» porque estamos a fazer pouco.
Tudo o que conseguimos fazer hoje, a mais do que ontem, é um ponto que nos acrescenta algo. Que nos ajuda a melhorar hábitos e a cuidar mais de nós.
Este é um processo contínuo e que merece a nossa atenção regular ao longo da nossa vida.
Costumo em consulta convidar as pessoas a refletir sobre a seguinte questão:
«O que posso adicionar ao meu dia alimentar de forma a enriquecê-lo?»
E tu, o que vais adicionar hoje?