Um dos grandes obstáculos para ter uma alimentação saudável que muitas vezes sinto em consulta é o facto de as pessoas acharem que a comida saudável é mais «sem sabor» do que «a outra» (fast food).
Quando temos esta crença, naturalmente que há uma resistência maior à adoção de hábitos saudáveis:
Quem é que, podendo escolher, iria comer todos os dias, várias vezes ao dia, comida sem sabor?
Durante quanto tempo isso iria durar?
Não podemos, de forma alguma, abdicar do prazer de comer – este é um pilar importantíssimo da minha mensagem. Tendo nós o privilégio de poder escolher os alimentos que compramos e o que comemos, cabe-nos escolher de forma responsável e consciente – e com muito sabor.
Ora bem, na prática como é que isto pode funcionar?
Por norma é diferente para cada um de nós, já que cada um de nós tem gostos diferentes.
O que costumo sugerir é não termos medo de fazer pratos completos e gostosos como os estufados, refogados, caldeiradas etc. Pensemos na Dieta Mediterrânica que nos é (ou era) tão característica.
Por norma aconselho a reduzir a quantidade de azeite usada (sendo o azeite a gordura de eleição pode fazer sentido diminuir a quantidade total utilizada), e a usar vários temperos. O que costumo fazer em minha casa é colocar muita cebola, alho picado, tomate e polpa de tomate, salsa fresca/seca etc. Com esta base – costumo dizer – quase qualquer comida fica maravilhosa 😀
Imaginem um arroz malandro de feijão, que pode ser acompanhado por carne ou peixe ou ser consumido «assim só» – não é uma maravilha?
Ou então uma massa com grão de bico, carne e legumes – que bom!
Desde que consigamos usar pouco azeite, privilegiar para consumo frequente carnes como frango/peru, consumir diariamente legumes e frutas etc parecem-me escolhas interessantíssimas.
Passando das refeições principais para os lanches…
Não posso evitar falar do nosso medo do pão. Costumo dizer muitas vezes – “estamos todos demasiado chiques para comer pão”. O pão é demasiado simples para a realeza em que nos tornamos. Digam-me lá que alimento é que conhecem semelhante ao pão e que seja tão interessante como o pão? Tendo na sua constituição farinha, água, sal (e pouco mais), não temos no mercado praticamente bolachas que o igualem.
Então para quê inventar? Podemos privilegiar o pão em detrimento de bolachas de forma a fazer lanches completos e equilibrados. Um pãozinho com queijo a meio da tarde não viria mesmo a calhar?
Simplifiquemos.